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Galvão Bueno chama proposta da Globo de "falta de elegância" e confirma recusa à CazéTV

Galvão Bueno chama proposta da Globo de "falta de elegância" e confirma recusa à CazéTV

O fim de uma parceria de 43 anos

Quarenta e três anos no ar e um adeus que doeu. Foi assim que Galvão Bueno, 75, descreveu a saída da TV Globo. Em entrevista publicada pela Folha de S.Paulo em 4 de setembro de 2025, o narrador disse ter se sentido desrespeitado quando, após cumprir o combinado — encerrar o ciclo depois da Copa do Mundo do Catar, em dezembro de 2022 —, ouviu da emissora que deveria apresentar projetos para seguir por lá. "Depois de quatro décadas na casa, ter que levar um projeto? Eu disse: Tenho um projeto. Sair", resumiu.

A decisão encerrou uma das relações mais longevas e vitoriosas da TV brasileira. Galvão não reescreveu a história do esporte na tela sozinho, mas foi a voz de momentos que viraram memória coletiva: Copa de 1994 e o "é tetra", Guga na Davis, Ayrton Senna nas manhãs de domingo, a ginástica de Daiane, as Olimpíadas e a seleção. A relação com a Globo, segundo ele, foi "de uma casa espetacular", embora o capítulo final tenha ficado, na sua visão, aquém da trajetória.

O roteiro da despedida começou a ser desenhado antes do Catar. Havia um acordo de saída e, terminado o Mundial, o contrato foi cumprido. Em paralelo, entrou em cena um pacto de não concorrência: por dois anos, 2023 e 2024, Galvão não poderia exercer função parecida em TVs abertas que concorressem com a Globo. A cláusula balizou os passos seguintes, mas gerou ruído quando, em março de 2023, ele narrou no próprio canal do YouTube o amistoso Brasil x Marrocos. Não foi uma transmissão de TV aberta, e sim digital, mas a iniciativa acendeu a luz amarela no relacionamento.

Quando o período de não concorrência se aproximava do fim, a Globo reabriu o diálogo. A abordagem, segundo Galvão, foi a mesma: se quisesse ficar, que apresentasse projetos. Foi aí que ele carimbou a saída e tratou de organizar a nova fase. Sem drama no tom, mas com um recado claro sobre como esperava que o encerramento de um ciclo de quatro décadas fosse conduzido.

O episódio também joga luz em um movimento mais amplo do mercado: emissoras tradicionais passaram a exigir que talentos proponham formatos, tragam patrocínios e se conectem a novas audiências. Para uns, é modernização; para outros, desalinho com trajetórias que falam por si. No caso de Galvão, a cobrança soou deslocada do tamanho e do histórico que ele carrega.

  • Dez/2022: encerramento da parceria após a Copa do Catar, conforme planejado.
  • Mar/2023: narração de Brasil x Marrocos no YouTube provoca atrito durante a vigência da não concorrência.
  • 2023–2024: período fora de TVs abertas concorrentes, com foco em projetos digitais.
  • 2025: entrevista em que classifica a abordagem final da Globo como "falta de elegância" e detalha a nova rota profissional.
A nova fase: streaming, Band e YouTube

A nova fase: streaming, Band e YouTube

Longe de desacelerar, Galvão acelerou. Ele assinou um contrato de três anos com a Amazon Prime Video para narrar jogos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil. A aposta mostra como as plataformas de streaming querem rostos — e vozes — com forte reconhecimento para fidelizar público no futebol, um conteúdo que ainda move as maiores audiências do país.

O narrador também voltou à TV Bandeirantes, onde trabalhou nos anos 1970, e celebra o retorno à TV aberta com o programa Galvão e Amigos. É um reencontro com o formato de auditório esportivo e de bastidores, que combina entrevistas, memórias e comentários de rodada. O movimento tem um simbolismo especial: depois de décadas como a principal voz de transmissões, Galvão ganha um espaço de revista semanal para moldar o conteúdo à sua maneira.

No digital, ele fechou parceria com o canal N Sports, no YouTube. A ideia, reforçada por ele, é "fazer televisão no YouTube" — linguagem, padrão visual, apuração e ritmo de TV, mas no ambiente conectado. "Não nasci para ser youtuber" virou um mantra para marcar a diferença entre produzir conteúdo solto e construir um produto audiovisual com cara de grade, mesmo sem antena.

Nesse tour por múltiplas plataformas, um convite chamou atenção: o de CazéTV. Galvão confirmou que recebeu propostas e as recusou. Não abriu detalhes, mas a negativa diz muito sobre a estratégia. A CazéTV, liderada por Casimiro Miguel, cresceu com transmissões ao vivo, linguagem direta e interação pesada com o chat. É um sucesso que reconfigurou o consumo esportivo entre públicos jovens. Galvão escolheu outro caminho: manter a persona da TV clássica e levar esse DNA para o streaming e o YouTube, sem se transformar em streamer de longa duração.

Há também a dimensão empresarial. A indústria esportiva vive uma dança de cadeiras de direitos de transmissão, com corridas por pacotes digitais, sublicenciamentos e jogos fatiados por plataforma. Nesse xadrez, nomes que concentram confiança multigeracional viram moeda de diferenciação. Uma narração de Galvão agrega mais do que audiência bruta: traz ritual, bordões e um senso de “evento” que as marcas querem colar.

Fora do microfone, a imagem pública segue ativa. A presença em eventos, campanhas publicitárias e palestras sustenta uma agenda que conversa com o passado e com o presente. Aos 75, ele não dá sinais de cansaço. A rotina agora pede mais curadoria do que volume: escolher bem o que narrar, onde aparecer e como se posicionar num ambiente em que o smartphone virou TV e a TV, aplicativo.

O choque com a Globo abre um debate sobre desligamentos de alto impacto. Há maneiras e maneiras de encerrar uma parceria assim. Exigir projetos de quem entregou quatro décadas de relevância soa, para muita gente da indústria, como uma inversão de papéis: a casa que deveria apresentar projetos para manter seu principal narrador, e não o contrário. O incômodo de Galvão se encaixa nessa leitura.

Ao mesmo tempo, ele fez questão de separar a crítica do reconhecimento: chamou a Globo de "casa espetacular" e elogiou a qualidade da emissora. Esse equilíbrio deixa claro que o problema não foi a história, mas o desfecho. E dá pista de por que ele evitou um rompimento barulhento, preferindo embarcar na nova fase com um portfólio diversificado e sem fechar portas desnecessariamente.

Para o público, a mudança tem dois efeitos. O primeiro é prático: mais opções para ouvir a voz que embalou Copas, Olimpíadas e finais de campeonato — agora em transmissões de streaming, em programas de estúdio na Band e em conteúdos especiais no YouTube. O segundo é simbólico: a confirmação de que a televisão, como a conhecíamos, se espalhou. O jogo pode estar no app, o debate na TV aberta e os bastidores num canal digital, e tudo isso ainda parecer “uma noite de futebol com Galvão”.

No fim, o recado sobre o mercado é direto. A audiência não é mais monopólio de uma plataforma, e profissionais veteranos que entendem isso têm chance de atravessar gerações. Galvão aposta que sua assinatura — timbre, bordões, o drama controlado na hora certa — vale em qualquer tela. O tempo dirá como essa mistura de tradição e reinvenção vai performar, mas o tabuleiro já foi montado: contratos no streaming, vitrine na TV aberta e autonomia no digital.

Entre uma transmissão e outra, ele parece aproveitar a liberdade criativa. Sem grade rígida, mas com padrão. Sem amarras contratuais de exclusividade ampla, mas com parcerias que conversam entre si. E com a disposição de quem entende que carreira longa não se sustenta só com arquivo — se sustenta com repertório, presença e, no caso dele, uma voz que o país reconhece na primeira frase.

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