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Irmã de Bebeto Queiroz avalia delação premiada em escândalo de emendas no Ceará

Irmã de Bebeto Queiroz avalia delação premiada em escândalo de emendas no Ceará

Quando Cleidiane Queiroz Pereira, irmã do ex-prefeito foragido de Choró, anunciou que está cogitando um acordo de delação premiada, o cenário político do Ceará ganhou mais um capítulo de tensão. A decisão surge em meio a uma operação que investiga desvios de emendas parlamentares e compra de votos, prática que poderia envolver até 51 prefeitos do interior do estado. A notícia foi confirmada por duas fontes próximas ao caso, que falaram à coluna do jornal O Povo.

Contexto político no Ceará

O ponto de partida da trama remonta a 2023, quando Carlos Alberto Queiroz de Souza Pereira, mais conhecido como "Bebeto" Queiroz, foi eleito prefeito de Choró pelo PSB. Em 2024, ele se tornou alvo de um mandado de prisão por compra de votos, e, antes que a justiça pudesse efetivar a ordem, o político passou a viver foragido. Desde então, o caso tem avançado nas esferas eleitorais e judiciais, atraindo a atenção do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) e do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE‑CE).

Detalhes da investigação e da delação

A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) foi conduzida pelo promotor Jairo Pequeno Neto. Entre os documentos apreendidos estão mais de R$ 500 mil em espécie, transferências bancárias suspeitas e centenas de mensagens de celular que apontam para um esquema de desvio sistemático de recursos de emendas parlamentares. O relator do processo, Wilker Macedo, rejeitou a alegação de duplicidade processual apresentada pela defesa de Bebeto e manteve a cassação do mandato, a inelegibilidade por oito anos e uma multa de R$ 53.205,00.

É nesse pano de fundo que Cleidiane, citada oficialmente na Aije, começou a aparecer como figura-chave. Fontes do MPCE afirmam que a irmã teria assumido os corredores dos negócios após a fuga do marido, controlando a movimentação dos recursos e a comunicação entre os políticos envolvidos. Agora ela sinaliza que, “dependendo do interesse do Ministério Público”, pode colaborar para esclarecer a extensão da prática criminosa, entregando nomes, documentos e registros de telefones.

Reações de autoridades e partidos

O Senador Cid Gomes Girão (Cidadania) pulou na frente ao citar, em entrevista em julho de 2025, a ação da Polícia Federal sobre emendas parlamentares no Ceará. Girão associou o caso à fragilidade do governo estadual no combate ao crime organizado e destacou que as provas apontam "uma rede que atravessa dezenas de municípios".

Do outro lado, o deputado federal Júnior Mano (PL), mencionado como financiador dos cliques eleitorais, ainda nega qualquer envolvimento. Ele declarou que “as acusações são parte de uma campanha desinformativa” e que, se houver provas, quer vê‑las no tribunal, não em delações secretas.

Impactos para Choró e municípios envolvidos

Impactos para Choró e municípios envolvidos

Com a cassação confirmada em agosto de 2025, o TRE‑CE decretou a necessidade de novas eleições em Choró, embora ainda não tenha definido a data. A população, já cansada de promessas vazias, reage com protestos que ecoam desde Canindé, onde o prefeito Francisco Jardel Sousa Pinho, e o vice‑prefeito Antonio Ilomar Vasconcelos Cruz também foram citados na Aije. Ambos negam culpa, mas a simples menção já gerou desgaste político e pressão por transparência.

Especialistas em direito eleitoral afirmam que o caso pode virar marco para a jurisprudência sobre responsabilidade de familiares de políticos foragidos. “Se a delação for aceita, o Judiciário terá precedentes importantes sobre a extensão da obrigação de cooperação dos parentes”, comenta a professora Ana Lúcia Ferreira, da Faculdade de Direito da UFC.

Próximos passos e possibilidades judiciais

O MPCE ainda não divulgou prazo para a formalização de eventual acordo de delação. A expectativa dos analistas é que, caso Cleidiane entregue informações concretas, o Ministério Público possa solicitar redução de pena para eventuais colaboradores e iniciar processos contra os demais prefeitos envolvidos. Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem sido chamado a se manifestar sobre a suspensão do habeas corpus do prefeito foragido, já que o caso envolve a participação de deputado federal na investigação.

Em resumo, o futuro da delação ainda está em aberto, mas a pressão da opinião pública e a necessidade de restaurar a credibilidade das instituições cearenses indicam que o caminho da colaboração pode ser, para Cleidiane, a única saída viável.

Frequently Asked Questions

Como a delação premiada de Cleidiane pode afetar outros prefeitos?

Se a irmã de Bebeto apresentar nomes, documentos bancários e mensagens que comprovem a participação de outros mandatários, esses políticos podem ser alvo de novas ações penais ou eleitorais. A prisão preventiva, a cassação de mandatos e a inelegibilidade são possibilidades previstas pela Lei da Ficha Limpa.

Qual foi o papel do deputado Júnior Mano no esquema?

Segundo o MPCE, Júnior Mano teria sido o elo entre os recursos de emendas federais e o financiamento das campanhas de prefeitos no interior do Ceará. Até o momento, ele nega a acusação, mas documentos apreendidos indicam a existência de transferências para contas ligadas ao grupo Queiroz.

Quando serão realizadas as novas eleições em Choró?

O TRE‑CE ainda não definiu a data. A decisão deve levar em conta o calendário eleitoral nacional e a necessidade de que o processo de delação, se concluído, seja totalmente avaliado antes da campanha.

Qual a importância do caso para o combate ao crime organizado no Ceará?

O escândalo demonstra como recursos públicos podem ser desviados para fortalecer redes de poder local, facilitando a atuação de organizações criminosas. Uma delação eficaz pode revelar essas conexões e permitir que autoridades federais e estaduais atuem de forma mais coordenada.

O que dizem os especialistas sobre a chance de Cleidiane fechar acordo?

Analistas apontam que o Ministério Público costuma negociar acordos quando há material probatório robusto e disposição do colaborador em colaborar. Contudo, a decisão final dependerá da relevância das informações que Cleidiane conseguir entregar ao órgão.

8 Comentários

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    Davi Silva

    setembro 30, 2025 AT 23:25

    O caso da delação premiada da irmã de Bebeto traz à tona a necessidade de reforçar os mecanismos de compliance nas administrações municipais.
    É essencial que o Ministério Público apresente todos os documentos já coletados para que a população possa acompanhar o processo.
    Além disso, a jurisprudência recente aponta que colaboradores efetivos podem ter redução de pena, o que pode incentivar mais nomes a surgirem.

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    Eder Narcizo

    outubro 7, 2025 AT 10:05

    Uau!! Que bomba, né? 😱

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    Leonard Maciel

    outubro 13, 2025 AT 20:45

    Vale lembrar que a Lei da Ficha Limpa já prevê a inelegibilidade para quem for acusado de compra de votos.
    Se a delação revelar mais nomes, esses políticos podem ser cassados e ter seus direitos políticos suspensos por oito anos.
    O TRE‑CE ainda tem que definir a data das novas eleições em Choró, mas as pressões já são intensas.

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    Fábio Santos

    outubro 20, 2025 AT 07:25

    O que poucos percebem é que por trás dessa trama existe uma rede ainda maior, que se estende para além do Ceará, conectando agências de financiamento ilícito com grupos de poder em Brasília.
    Os documentos apreendidos mostram transferências que não são apenas para campanhas locais, mas para contas-cobertura que alimentam lobistas e, em alguns casos, organizações criminosas que operam na zona rural.
    Essa estrutura, historicamente, tem raízes em esquemas de desvio que datam da década de 1990, quando as emendas parlamentares começaram a ser usadas como moeda de troca.
    Os nomes que ainda não foram divulgados podem incluir parlamentares federais que, ao receber recursos, devolvem parte para a base local em troca de apoio na Câmara.
    É um ciclo vicioso, onde o dinheiro público se transforma em capital político, perpetuando a cultura do clientelismo.
    Além disso, há indícios de que alguns prefeitos estejam vinculados a milícias que atuam na segurança das cidades, usando o dinheiro desviado para financiar suas atividades.
    Os celulares apreendidos revelam mensagens codificadas, que sugerem que a própria irmã de Bebeto, Cleidiane, poderia estar agindo como intermediária entre esses atores.
    Se ela realmente cooperar, o Ministério Público terá material suficiente para abrir procedimentos penais contra esses outros atores, o que poderia desestabilizar todo o esquema.
    Entretanto, há um risco de retaliação: pessoas poderosas podem tentar silenciar testemunhas, como já aconteceu em casos anteriores de delação premiada.
    Por isso, a proteção de identidade dos colaboradores é fundamental, caso contrário a eficácia do programa será comprometida.
    O STF ainda tem que se pronunciar sobre limites do habeas corpus nesses casos, o que pode abrir precedentes para futuras delações.
    Em síntese, o escândalo pode ser a ponta do iceberg de um cenário ainda mais amplo, onde o uso de emendas como ferramenta de lavagem de dinheiro ainda está pouco regulado.
    Se a delação for bem-sucedida, poderemos testemunhar um verdadeiro abalo nas estruturas de poder regionais, com possíveis prisões que vão muito além dos 51 prefeitos citados inicialmente.
    Portanto, a comunidade deve ficar atenta aos desdobramentos, pois o impacto pode reverberar nacionalmente.

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    Camila Mayorga

    outubro 26, 2025 AT 18:05

    É como se a política fosse um espelho quebrado, refletindo apenas pedaços de verdade. 😊

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    Fábio Neves

    novembro 2, 2025 AT 04:45

    Não é só sobre um caso isolado; é a prova de que todo o sistema precisa de revisão.
    Mas talvez esteja tudo exagerado pela mídia, que adora um escândalo.
    De qualquer forma, vale observar como o MPCE lida com essas revelações.

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    Raphael D'Antona

    novembro 8, 2025 AT 15:25

    É mais do mesmo, só mudam os nomes.

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    Eduardo Chagas

    novembro 15, 2025 AT 02:05

    Essa situação evidencia a decadência moral de quem ocupa cargos públicos.
    Não podemos tolerar que familiares de foragidos manobrem o Estado em benefício próprio.
    Precisamos de uma postura firme das instituições para restaurar a confiança.
    Casos como esse devem servir de exemplo para coibir futuros abusos.

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