Quando Banco Central do Brasil divulgou, na segunda‑feira, 6 de outubro de 2025, a nova edição do Boletim Focus, o mercado já sinalizava que a expectativa de inflação para o IPCA em 2025 recuava levemente: de 4,81% para 4,80%.
A mudança aconteceu em Brasília, capital federal, e foi coletada entre analistas que respondem ao Relatório de Mercado semanal do Banco Central. Essa revisão marca a segunda semana consecutiva de alta de otimismo, embora ainda deixe a projeção acima do teto de 4,5% definido pelo Conselho Monetário Nacional.
O ajuste foi alimentado por uma queda persistente nos preços de alimentos e por movimentos voláteis nos custos de energia elétrica, como apontam os últimos números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O diretor de análise macroeconômica do Banco Central, Roberto Campos Neto, ainda não comentou a nova projeção, mas a equipe de política monetária já acompanha de perto esses indicadores.
Contexto histórico das projeções de inflação
Desde o início de 2025, o Boletim Focus tem registrado leve tendência de baixa nas expectativas inflacionárias. Em janeiro, a mediana apontava 4,93%; em julho, já estava em 4,85%; e, na primeira semana de outubro, chegou a 4,81% antes de retroceder para 4,80%.
Esse recuo ocorre após quatro meses consecutivos de redução nos preços de alimentos – setembro registrou -0,35% – e depois de um repique de 0,48% no IPCA‑15, puxado principalmente pelo aumento da tarifa de energia elétrica.
Detalhes das projeções para 2025‑2028
- IPCA 2025: 4,80% (queda de 0,01 ponto percentual)
- IPCA 2026: 4,28% (mantido)
- IPCA 2027: 3,90% (estável)
- IPCA 2028: 3,70% (inalterado)
Para o câmbio, o foco do mercado está no dólar, que deve fechar 2025 em R$ 5,45, leve baixa frente à projeção anterior de R$ 5,50. A expectativa para 2026 recai em R$ 5,53, enquanto 2027 e 2028 permanecem em R$ 5,65 e R$ 5,56, respectivamente.
Quanto ao PIB, a mediana das projeções para 2026 ficou em 1,80%, com 1,90% para 2027 e 2,00% para 2028 – este último número está estável há 82 semanas.
A taxa Selic, que influencia diretamente o custo do crédito, foi projetada em 12,25% para o final de 2026, mantendo 10,50% para 2027 e 10,00% para 2028 – esta última taxa está fixa há 41 semanas.
Reações dos agentes econômicos
O economista Rodrigo Viga, que apresenta análises no canal da Agência Brasil, interpretou a nova projeção como "um sinal de que a política monetária ainda tem espaço para agir, mas o mercado já está antecipando parte desse ajuste".
Instituições financeiras, como bancos e corretoras, divulgaram relatórios apontando que a redução da expectativa inflacionária pode aliviar a pressão sobre os títulos atrelados ao IPCA, favorecendo um ambiente mais estável para investimentos de renda fixa.
Por outro lado, associações de produtores de alimentos alertaram que a queda nos preços pode ser temporária, acusando que a conjuntura de seca em algumas regiões pode reverter essa tendência rapidamente.
Impacto nos preços ao consumidor e na moeda
Embora a projeção de 4,80% ainda supere a meta central de 3% (+1,5 ponto), ela está abaixo do limite máximo de 4,5% estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional. Essa diferença pode influenciar decisões futuras do Comitê de Política Monetária (COPOM).
Especialistas da eInvestidor sugerem que, se a inflação “real” permanecer mais perto de 4,0% nos próximos meses, o Banco Central poderá reduzir a Selic antes do previsto para estimular a atividade econômica.
Para o consumidor, a continuação da queda nos alimentos pode aliviar o custo de vida, mas o aumento de energia ainda pesa no orçamento das famílias, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
Perspectivas e próximos passos
A próxima edição do Boletim Focus será publicada em 13 de outubro de 2025, trazendo nova rodada de expectativas antes da divulgação oficial do IPCA de setembro, agendada para 9 de outubro. Analistas esperam que os números de energia e alimentação continuem a ser os principais vetores da inflação.
Enquanto isso, o Banco Central mantém seu discurso de vigilância: "A política monetária será ajustada conforme a evolução dos preços e das condições externas", afirmou Roberto Campos Neto em entrevista recente.
Em resumo, a ligeira revisão para baixo pode ser vista como alívio, mas ainda deixa margens de risco consideráveis para quem pensa em decisões de consumo, investimento ou política pública nos próximos meses.
Perguntas Frequentes
Por que a projeção do IPCA ainda está acima da meta de 3%?
A meta de inflação do Conselho Monetário Nacional fixa 3% como ponto central, mas permite variação de +/- 1,5 ponto. A projeção de 4,80% reflete pressões externas, como alta nos preços de energia, que ainda não foram totalmente absorvidas pela economia.
Como a redução dos preços dos alimentos influencia o Focus?
Alimentos compõem cerca de 30% do peso do IPCA. A queda de -0,35% em setembro, pelo quarto mês consecutivo, puxou a projeção geral para baixo, reduzindo a expectativa de inflação anual.
Qual o impacto da expectativa de dólar em R$ 5,45 para o final de 2025?
Um dólar mais barato reduz o custo de importação de bens de consumo duráveis e de insumos industriais, o que pode frear pressões inflacionárias. Para quem tem dívida em moeda estrangeira, a alavancagem do pagamento também diminui.
O que os analistas esperam da próxima reunião do COPOM?
Se as projeções de inflação se mantiverem próximas a 4% ou abaixo, há consenso de que o Comitê considerará um corte moderado da Selic, possivelmente de 0,25 ponto percentual, para estimular a demanda interna.
Como os pequenos negócios devem se preparar frente a essas projeções?
É recomendável renegociar contratos de energia, observar a variação de custos de matéria‑prima e, se possível, adotar mecanismos de hedge cambial para proteger margens contra flutuações do dólar.

Esportes
Thalita Gonçalves
outubro 10, 2025 AT 04:27O recente Boletim Focus que aponta uma projeção de 4,80% para o IPCA em 2025 revela, de maneira inequívoca, que a política monetária ainda encontra terreno fértil para intervenção, ao passo que o otimismo do mercado carece de fundamento sólido diante das realidades inflacionárias que ainda pesam sobre a nação.
É inadmissível que se celebre tal mínima redução de 0,01 ponto percentual como se fosse um triunfo, quando ainda estamos muito aquém da meta de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
Considerando a perpetuação da alta nos custos de energia elétrica, um fator que historicamente tem sido inflamado pelos mesmos agentes que hoje detêm o poder de decisão, devemos reconhecer que o ajuste esperado não será suficiente para barrar a escalada inflacionária.
Ademais, a queda nos preços dos alimentos, embora persistente, pode ser ilusória, pois a seca que assola regiões estratégicas do país tem potencial de reverter esse quadro em questão de semanas.
Os analistas que acreditam que a Selic permanecerá estável ignoram o dinamismo das pressões externas, como a variação cambial que ainda posiciona o dólar em patamares que ameaçam a competitividade das exportações brasileiras.
É imprescindível que o Banco Central reconheça que a confiança depositada pelos investidores não pode ser confundida com complacência governamental.
O fato de a projeção estar acima do teto de 4,5% demonstra que o risco de uma nova elevação das taxas de juros permanece latente, principalmente se o cenário de energia não se estabilizar.
Os setores produtivos, sobretudo os pequenos negócios, precisam estar cientes de que as projeções macroeconômicas são meramente indicativas e não garantem tranquilidade financeira.
É nosso dever, enquanto cidadãos patriotas, cobrar transparência e responsabilidade dos gestores públicos, pois a estabilidade econômica está intrinsecamente ligada à soberania nacional.
A história nos ensina que políticas monetárias ríspidas podem ser necessárias para conter a inflação, mesmo que isso signifique medidas impopulares no curto prazo.
A permanência de uma taxa Selic em 12,25% ao final de 2026 pode ser um indicativo de que o Banco Central ainda tem fôlego para agir, mas o alerta é claro: não podemos nos acomodar.
Em síntese, a diminuição de 0,01 ponto percentual no Focus não deve ser celebrada como vitória, mas analisada como um pequeno alívio num cenário ainda profundamente vulnerável.
É imprescindível manter o discurso de vigilância, mas também devemos exigir que as decisões sejam pautadas em critérios técnicos, e não em agradáveis números de mercado.
Portanto, continuaremos a observar atentamente os próximos boletins, buscando sinais de uma política monetária que realmente reflita o interesse nacional acima de quaisquer pressões externas.
Jocélio Nascimento
outubro 10, 2025 AT 23:54A projeção de 4,80% ainda está acima da meta, mas demonstra que há espaço para a política monetária atuar de forma preventiva.
É importante acompanhar a evolução dos preços de energia e dos alimentos, pois eles são os principais vetores da inflação.
Se a tendência de queda nos alimentos se mantiver, poderemos ter um cenário mais estável para os próximos meses.
Continuarei observando os próximos boletins do Focus para entender melhor as expectativas do mercado.
Luís Felipe
outubro 11, 2025 AT 19:21Observa‑se que o leve recuo de 0,01 ponto percentual no Focus não é suficiente para tranquilizar o mercado.
A despeito da queda nos alimentos, a volatilidade dos custos de energia permanece como um fator de risco substancial.
Além disso, a projeção ainda supera o teto de 4,5%, o que indica que o Comitê de Política Monetária pode ainda considerar ajustes na taxa Selic.
É imprescindível que o Banco Central mantenha sua postura vigilante, sem se deixar levar por otimismo infundado.
Jéssica Farias NUNES
outubro 12, 2025 AT 14:47Olha só, mais uma notícia fresquinha sobre o Focus e a gente ainda tem que ficar feliz com "0,01%" de diferença.
É praticamente um detalhe que nem merece um suspiro.
Enquanto isso, a energia continua cara e a gente paga a conta no fim do mês.
Se acha que a Selic vai ficar parada, é porque ainda acredita em conto de fadas.
Elis Coelho
outubro 13, 2025 AT 10:14Não se engane: por trás desses números, existe uma agenda oculta que busca manipular a percepção da inflação.
Os analistas que divulgam projeções sem considerar a influência das elites globais estão participando de um jogo de desinformação.
A queda dos alimentos pode ser temporária, mas os verdadeiros culpados são os grupos que controlam a energia e o câmbio.
Camila Alcantara
outubro 14, 2025 AT 05:41Esses números são mais um motivo para apoiar nossa produção nacional e reduzir a dependência das importações.
Lucas Lima
outubro 15, 2025 AT 01:07Entendo a preocupação de todos com a alta nos preços de energia, mas acredito que a queda contínua nos alimentos pode trazer algum alívio ao consumidor.
É fundamental observar como essas duas forças se equilibram ao longo dos próximos meses, pois isso determinará a eficácia da política monetária.
Além disso, vale lembrar que a estabilidade cambial também desempenha um papel crucial para a inflação, especialmente em um país que importa tantos insumos.
Cris Vieira
outubro 15, 2025 AT 20:34Os números do Focus são sempre úteis para calibrar expectativas, mas a realidade pode mudar rapidamente.
Paula Athayde
outubro 16, 2025 AT 16:01Olha só, mais um boletim do Focus, e já vem aquele otimismo barato 😒
Bruno Maia Demasi
outubro 17, 2025 AT 11:27Se a inflação fosse um filme, este Focus seria aquele trailer que tenta vender a trama sem revelar o final.
É engraçado como se destaca a queda nos alimentos, mas a energia continua a ser o vilão da história.
Talvez o próximo capítulo nos surpreenda com uma política monetária mais ousada, ou talvez não.
Rafaela Gonçalves Correia
outubro 18, 2025 AT 06:54É curioso observar como cada nova edição do Focus tenta nos convencer de que tudo está sob controle, enquanto na prática ainda lidamos com secas que ameaçam a produção agrícola.
Mesmo que a projeção para 2025 tenha recuado levemente, ainda estamos bem acima da meta, o que indica que a perspectiva de corte da taxa Selic ainda é incerta.
Além disso, a volatilidade cambial continua a pressionar os preços de importação, criando um cenário de incerteza que pode se refletir em novos aumentos de preços.
Portanto, é essencial que os agentes econômicos mantenham cautela e que o Banco Central continue vigilante.
Williane Mendes
outubro 19, 2025 AT 02:21Ao analisar o panorama macroeconômico, nota‑se que a combinação de fatores internos, como a seca que reduz a oferta de alimentos, e externos, como a variação do dólar, cria um ambiente propício para pressões inflacionárias persistentes.
Esse cenário demanda uma política monetária que seja ao mesmo tempo flexível e resoluta, capaz de ajustar a taxa Selic de forma a conter a inflação sem, contudo, sufocar o crescimento econômico.
celso dalla villa
outubro 19, 2025 AT 21:47Interessante ver o Focus mudar tão pouco.
Andresa Oliveira
outubro 20, 2025 AT 20:01Concordo com o ponto levantado anteriormente sobre a importância de monitorar os preços de energia, pois eles têm grande influência na cesta de consumo das famílias.