Um duelo histórico na Ressacada
Na tarde de 22 de março, o Estádio da Ressacada virou palco de uma das maiores disputas do futebol catarinense. O Campeonato Catarinense 2025 chegou à sua partida decisiva, confrontando o Avaí, clube da capital, e a Chapecoense, representante da região sul. Ambos os times carregavam histórias intensas: 170 confrontos ao longo dos anos, com a Chapecoense ligeiramente à frente em vitórias (63 a 57).
O clima era de festa e tensão. A torcida do Avaí lotou a arena, registrando 17.711 pessoas – o maior público da edição de 2025. O valor arrecadado nas bilheterias ultrapassou os R$ 700 mil, sinalizando a força econômica do clássico e sua importância para a economia local.
O jogo começou com a Chapecoense na frente aos dois minutos, quando Bruno Matias aproveitou uma falha defensiva e cabeceou firme para abrir o placar. O Avaí reagiu com idade, mas as oportunidades foram escassas nos primeiros 30 minutos. Alef Manga, veloz e habilidoso, teve duas chances claras, mas desperdiçou ambas, deixando seu time sem o empate.
O ponto de virada surgiu aos 37 minutos, quando o árbitro apontou pênalti dentro da área após uma suposta falta sobre Eduardo Brock. O lance foi alvo de uma revisão de VAR que durou 14 minutos, gerando bronca da Chapecoense, que alegou erro na análise. Brock converteu com tranquilidade, restaurando o 1 a 1 e colocando o Avaí de volta ao empate.
- Gols: Bruno Matias (Chapecoense) – 2' ; Eduardo Brock (Avaí) – 73' (pênalti).
- Artilheiros da edição: João Pedro (Avaí) – 7 gols; Rafael Silva (Chapecoense) – 6 gols.
- Posse de bola: Avaí 54% ; Chapecoense 46%.
- Cartões: Avaí 2 amarelos; Chapecoense 3 amarelos e 1 vermelho.
O tempo regulamentar acabou com o placar inalterado, mas o árbitro adicionou 17 minutos de prorrogação – um número incomum que aumentou ainda mais a tensão. Nos minutos finais, ambos os treinadores tentaram fazer substituições ofensivas, mas sem sucesso. Quando o apito final soou, o empate se manteve.
Impacto da vitória para o Avaí
Apesar do empate, o regulamento do torneio previa que, em caso de empate na final, o título seria decidido pelo desempenho na primeira fase. O Avaí chegou a essa etapa com 31 pontos, oito a mais que a Chapecoense, conquistando assim o título sem precisar de disputa de pênaltis ou prorrogação adicional.
Esse triunfo tem significado duplo. Primeiro, marca o 19.º Campeonato Catarinense da história do Avaí, elevando o clube ao posto de maior vencedor estadual, ultrapassando o Figueirense, que detinha 18 títulos. Segundo, reforça a narrativa de retomada de hegemonia após temporadas de oscilações na Série B nacional. O presidente do clube, João Carlos, declarou que o título "é a prova de que a gestão está no caminho certo e que nossa torcida é a maior motivação".
Para a Chapecoense, a derrota agravou o ressentimento em relação à arbitragem. O capitão da equipe, Diego Lopes, afirmou que a revisão de VAR foi “excessivamente demorada e parcial”, e que a decisão de conceder o pênalti foi “um ponto decisivo que tirou a justiça do jogo”. O clube anunciou que apresentará recurso à CBF, buscando revisão das decisões que, segundo eles, influenciaram o resultado.
Nas redes sociais, a hashtag #AvaíCampeão dominou trends regionais, enquanto torcedores da Chapecoense mobilizaram apoio com mensagens de protesto contra a arbitragem. O impacto mediático ficou evidente, com a transmissão da N Sports registrando audiência recorde para o campeonato estadual.
Financeiramente, o título traz mais do que o troféu. O prêmio em dinheiro ao vencedor, somando cerca de R$ 1,5 milhão, será usado para reforçar o elenco antes da fase de acesso à Série B. Além disso, a campanha vencedora aumenta a visibilidade para patrocinadores e pode atrair novos investidores locais.
O futuro imediato do Avaí inclui a preparação para o Campeonato Brasileiro da Série B, onde o clube busca garantir o retorno à elite nacional. Já a Chapecoense volta sua atenção para a Copa do Brasil, buscando recuperar o moral e provar que o revés na final não define sua temporada.
O clássico de 2025 ficará na memória como a partida que combinou drama, polêmica e história. Um empate que, paradoxalmente, virou vitória para quem soube construir um percurso sólido desde o início da competição. O Avaí, agora com 19 taças estaduais, segue como referência de tradição e ambição no futebol de Santa Catarina.

Esportes