O mistério da morte de Odete Roitman voltou a dominar as conversas nas redes sociais, nos bares de Santos e nos corredores da Rede Globo. Na versão original de 1988‑1989, a vilã era interpretada por Beatriz Segall, enquanto no remake de 2025 a personagem está nas mãos da Débora Bloch. A trama promete revelar o assassino no capítulo 163, marcado para 6 de outubro de 2025, e já inspirou uma ação promocional inesperada comandada pela chef Agnes Costa Rotava do Restaurante Espanhol e Sabores da Terra. Abaixo, o que você precisa saber sobre esse fenômeno que atravessa gerações.

Contexto histórico da novela original

Quando Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères criaram Vale Tudo em 1988, eles não imaginavam que a morte de Odete se tornaria um marco cultural. O assassinato foi exibido no capítulo de Natal daquele ano, mas o autor do crime ficou em segredo até o último episódio, em 6 de janeiro de 1989.

Para proteger o suspense, a Globo adotou medidas drásticas: roteiros com páginas faltando, cinco finais diferentes gravados e até os atores desconhecendo a versão definitiva. O país inteiro ficou em estado de curiosidade; bares esvaziaram, o jogo do bicho recebeu apostas e a discussão invadiu até as escolas.

O remake de 2025 e a nova trama

Três décadas depois, a mesma estrutura de suspense foi reintegrada no remake, que conta com 173 episódios ao todo. A decisão de colocar a revelação do assassino no penúltimo bloco — capítulo 163, em 6 de outubro — faz eco à data original, mas com um toque contemporâneo. Antes da morte definitiva, Odete sobreviverá a um atentado no episódio de 20 de setembro, mantendo o público em alerta.

Além da trama, a produção investiu em tecnologia: câmeras 8K, ambientes digitais reproduzindo o Rio de Janeiro de 1988 e trilha sonora remixada por DJs locais. O roteiro, revisado por Gilberto Braga antes de seu falecimento, mantém o caráter manipulador da personagem, mas adiciona questões de gênero e poder corporativo que ressoam com a geração atual.

A ação promocional do Restaurante Espanhol e Sabores da Terra

A chef Agnes Costa Rotava, 45 anos, decidiu transformar o suspense televisivo em oportunidade social. Seu estabelecimento, localizado na orla de Santos, lançou dois concorrentes: um sorteio no Instagram onde quem adivinhasse o culpado ganharia um jantar exclusivo, e um bolão beneficente cujo lucro seria dividido entre a Escola Portuguesa da cidade e o Lar Espírita Mensageiros da Luz.

Os prêmios vão de refeições à la carte até uma semana de alimentação grátis para a família vencedora. A estratégia gerou cerca de R$ 120 mil em arrecadação nas duas primeiras semanas, segundo dados fornecidos pela própria chef. O movimento ganhou cobertura de sites de gastronomia e até de programas de auditório, ampliando o debate sobre como entretenimento pode impulsionar causas sociais.

Reações do público e impacto cultural

Nas primeiras 48 horas após o anúncio da data de 6 de outubro, os trending topics #ValeTudo2025 e #QuemMatouOdete explodiram no Twitter, registrando mais de 1,3 milhão de impressões. Pesquisas de opinião realizadas pelo Ibope mostraram que 68% dos telespectadores consideram o suspense da novela como “um evento nacional”.

Especialistas em mídia, como a professora de Comunicação da USP, Mariana Silva, apontam que a estratégia de revelar o assassino apenas nos últimos episódios mantém a audiência em níveis recordes: a novela já registra 28,5 pontos de rating, superando a média dos últimos três meses.

Além disso, o fenômeno tem repercussão fora das telas. Em São Paulo, festas temáticas com IAs que simulam diálogos entre os suspeitos vendem ingressos rapidamente. No Rio de Janeiro, bares criaram coquetéis inspirados nos personagens, como o “Cálice de César”. Essa capacidade de transformar ficção em consumo real reforça o papel da teledramaturgia como motor econômico.

O que vem pela frente

Com o capítulo final previsto para 17 de outubro, a expectativa agora recai sobre como a revelação será tratada nas mídias sociais. A Rede Globo prometeu que os vencedores da ação da chef Agnes serão anunciados ao vivo, acrescentando mais uma camada de suspense.

Observadores acreditam que o sucesso dessa estratégia pode inspirar outras novelas a criar “mistérios de fim de temporada”, algo ainda pouco explorado no Brasil. Enquanto isso, o público volta a assistir “Vale Tudo” não só por curiosidade narrativa, mas também por um sentimento de pertencimento a um evento coletivo que atravessa gerações.